Genival Macêdo

 Antonio Vicente Filho

Demorou, mas chegou a hora e a vez do reconhecimento ao talento de Genival Macêdo, cabra de boa prosa na música brasileira, compositor e produtor cultural de mão cheia. O disco “Tributo a Genival Macêdo”, traz clássicos de seu caldeirão em interpretações de nomes de marca registrada com carimbo marcado no selo da boa música brasileira, como Elba Ramalho, Claudionor Germano, Geraldo Azevedo, entre outros,  em desfile de clássicos da altura de “Meu Sublime Torrão”,  “Cigana Mentirosa”, “Saudade de Pernambuco”, “Casado Não Pode”...
 Podemos dizer, sem medo de errar, que este é o ano de Genival Macêdo na passarela da música. Seu famoso sucesso “Micróbio do Frevo”, em gravação de Gilberto Gil, encabeçou o CD “Os Cem Anos do Frevo de Pernambuco”. Com seu “Meu Sublime Torrão”, Genival Macêdo tem cadeira cativa no patamar dos grandes compositores que enalteceram suas terras em canções que ganharam a simpatia e admiração do povo.
Ary Barroso cantou o Brasil na sua “Aquarela do Brasil”, Caymmi  mostrou a beleza da Bahia em várias em formas de versos , Noel Rosa em versos deu beleza a Vila Isabel, Genival cantou, encantou e até hoje encanta a Paraíba quando mostra que “Num recanto bonito do Brasil/Sorri a minha terra amada/Onde o azul do céu/É mais cor de anil/Onde o sol tão quente/Parece mais sutil...”. A trajetória do bom poeta/paraibano foi sempre na trilha da música. Na década de 40 comandou e dirigiu programa da Rádio Tabajara, em João Pessoa, uma espécie de Rádio Nacional da época.
 Depois de fazer sua trajetória pelas principais emissoras de rádio da Cidade Maravilhosa, Genival monta endereço em Recife, com carta branca para dirigir o escritório de representação da poderosa gravadora Copacabana com trânsito livre no Norte e Nordeste, para indicar quem merecia um espaço no campo no estrelato. Genival era uma espécie de técnico da seleção dos artistas que queriam entrar no campo da música brasileira das duas regiões. Com seu prestígio e competência, Genival Macedo foi o guia e a luz que abriu o caminho de Jackson do Pandeiro no solo do Rio de Janeiro. “Só vou para o Rio de Janeiro, se for em companhia de Genival Macêdo”, decretou o futuro “Rei do Ritmo”. A “sentença” se concretizou em 1954, com o “Cristo Redentor” abrindo os braços para a grande estrela que se encaixou na galáxia dos grandes astros do cenário musical nacional.
O que mais falar de Genival? Será que muitos compositores tidos, como consagrados, têm o privilégio e o orgulho de afirmar que têm canções de sua autoria gravadas em vozes consagradas como Chico Buarque e Zeca Pagodinho - “A Mulher do Aníbal”, (Genival Macêdo/Nestor de Paula)?  Acorda, minha gente, ainda tá na hora de reparar a falha cometida.

Antônio Vicente Filho
Jornalista