O pai do Micróbio do Frevo

 José Teles

A Silvério Pessoa cabe o mérito de redescobrir o autor de Micróbio do Frevo, o paraibano Genival Macêdo. Ele foi produtor e parceiro de Jackson do Pandeiro, a quem conheceu em 1945, como músico amador, em um cabaré de Campina Grande.
Mesmo que não fosse autor de, entre outras, A Mulher do Aníbal (gravada por Jackson do Pandeiro e recentemente por Chico Buarque e Zaca Pagodinho), ou Meu Sublime Torrão, Hino Oficial de João Pessoa (Gravada por Elba Ramalho), Macêdo teria lugar assegurado na história da música popular brasileira como criador do primeiro trio elétrico. Em 1945 (seis anos, portanto, antes do trio baiano de Dodô e Osmar), ele aparelhou um Chevrolet 1939 com um enorme alto-falante e saiu pelas ruas de João Pessoa tocando frevos e marchinhas: “A diferença é que não era ao vivo. A gente levava um passa-discos. O povo gostava, vinha dançando atrás”, recorda.
Macêdo compôs sua primeira canção aos 16 anos: “Meu Sublime Torrão”. A canção foi gravada, em 1937, por Déo e a Orquestra Tabajara, do maestro pernambucano Severino Araújo, e acabou consagrada como hino oficial popular da capital da Paraíba.
Como representante da gravadora Copacabana na região, Genival Macêdo, que já havia feito programas de rádio e participado de um trio vocal (Os Irmãos do Ritmo) em João Pessoa, passou a conviver diariamente com artistas. Foi nessa época, 1953, que trouxe para o estúdio da Rádio Jornal do Commércio (atual Rádio Jornal), no quinto andar do prédio onde funciona o JC, o pandeirista que conheceu em Campina Grande.
Genival Macêdo assina a produção das dez primeiras músicas gravadas por Jackson do Pandeiro: “Recebi autorização do doutor Pessoa (F. Pessoa de Queiroz) para usar o  estúdio da Rádio Jornal. Naquele tempo só se podia gravar até meia-noite, ou então depois desse horário, porque quando o carrilhão do Diário tocava, estragava a gravação”, detalha o compositor.

José Teles

Jornalista e crítico musical do
Jornal do Commércio
Recife