O que dizer de Genival Macêdo ?

 Eurico Rodolfo de Araújo, filho


Quando da inauguração da estátua de Antônio Maria na Rua do Bom Jesus, no Recife antigo, fui instado a proferir algumas palavras sobre o homenageado, tratando-se ele de um parente e do conhecimento que tenho de sua trajetória. E comecei dizendo que existem pessoas que passam na vida tão sem relevância , tão sem significado, tão sem expressão e tão sem ao menos um gesto que seja , que o enalteça e o diferencie como um ser vivente que nem precisavam morrer para caírem no esquecimento, já tão esquecidos que o são em vida.
Em contrapartida existem os que vêem ao mundo predestinado a se eternizarem se não só pelo caráter e pela postura nas decisões, mas também pela qualidade do que produzem e deixam de herança aos que os sucederão.
Genival Macêdo é um deles.
Vindo de João Pessoa onde nasceu em 29/03/1921, já em 1937 aos 16 anos dizia ao mundo para que tinha vindo, quando compôs Meu Sublime Torrão e que a partir de 16/03/1972, através de Lei Municipal 1601 tornou-se o Hino Popular Oficial da Cidade de João Pessoa.
Em 1946, criou o Palácio do Frevo, que nada mais era que uma caminhonete com um serviço de som amplificado que saia às ruas de João Pessoa no período de momo, tocando músicas do carnaval daquele ano, lançando assim o precursor dos trios elétricos de Dodô e Osmar na Bahia.
Compôs Micróbio do Frevo, uma das marcas registradas do carnaval de Pernambuco que atravessa o tempo cheio de vida, re-gravado recentemente por Silvério Pessoa e Gilberto Gil quando das homenagens ao Centenário do Frevo.
Compôs ainda músicas gravadas por Jackson do pandeiro, Camélia Alves, Carmem Costa, Alcides Gerardi, Expedito Baracho, Claudionor Germano e mais recentemente Zeca Pagodinho e Chico Buarque, que gravaram A Mulher do Aníbal , para ficar apenas nesses.
O que dizer de Genival Macêdo sem falar do seu humor, de sua boêmia e da jovialidade de suas preocupações em vida.
O que dizer mais de Genival Macêdo?
Que foi muito bom conhecê-lo e tê-lo no rol de meus amigos, convivendo no mesmo tempo e na mesma cidade.

Eurico Rodolfo de Araújo Filho
Médico e poeta